terça-feira, 13 de julho de 2010

O ROSTO DO GIRAMUNDO




Ele tinha o rosto triste
E uma vista avermelhada
Amanheceu pela vida
Filho único e mesada
Aos vinte teve dois filhos
Foi hippie vendeu cocada
Estudou Filosofia
E Religião Comparada
Caiu de febre terçã
Entre Diógenes e Lutero
Por tudo que estudou
Deus não lhe era sincero
Fez criadouro de rã
Idolatrou Emil Cioran
Hegel, estudou com esmero
Quando a mulher precisou
Desistiu de lecionar
Virou o dono da casa
Cuidou de tudo no lar
Ela foi ganhar o mundo
Giramundo, giramundo
A bela conseguiu o canudo
Virou diplomata exemplar
Ele construía uns versos
Enquanto lambia as crias
Em todo o tempo disperso
Lançou livros de poesias
A mulher bisou o recado
Arrumou outro amado
E disse que não ia voltar
Mandou buscar os meninos
Queria um novo destino
Com resort e caviar,
Ele pirou! Bateu o pino!
Mas resolveu acatar ...
Por fim, virou dançarino
Fez um salão perto ao bar
Casou com a irmã do primo
Deixou de ser peregrino
Quis ter um novo lar
Aprendeu a exportar carpa
Com o tio em Lumiar.


Nina Araújo

Nenhum comentário:

Postar um comentário